Novidade de Vida – Reflexo



"de modo que o povo também levava os doentes às ruas e os

colocava em camas e macas, para que pelo menos a sombra de Pedro
se projetasse sobre alguns, enquanto ele passava."(Atos 5:15-16)

Eu, pobre de mim, sempre pensava que a sombra de Pedro curava os
enfermos por causa da unção da vida daquele apóstolo. Dias atrás eu
ouvia um homem de Deus a quem muito respeito falando sobre isso e
dei-me conta de que era uma visão míope das coisas. Vamos ao que
aprendi, para edificação de todos nós.

Primeiro, sombra não cura. O poder de Deus é que cura e, para isso,
Ele pode usar qualquer instrumento, seja óleo, medicamento,
palavras de ordem, sombra, o que quiser. Segundo, sombra, a rigor,
nem existe, é meramente uma luz interrompida ou encoberta - é aí
que eu precisava chegar.

A luz que Pedro interrompeu com seu corpo formando uma sombra,
não era o sol, mas era o brilho da Glória do Deus Todo Poderoso a
quem ele servia naqueles dias de forma tão intensa, marcante,
contundente, relevante, transformadora. Se fosse o sol, nada feito.
Se fosse o brilho de Pedro, nada feito. Era com certeza o brilho da
Glória do Pai.

Agora meu querido e minha querida, medite comigo no ponto que
coloca este que vos escreve em crise: por que isso não volta a
acontecer em nossos dias se Deus continua sendo o mesmo? Terá
se desvanecido a Sua glória? Ou não há mais enfermos para serem
curados? Ou de fato vivemos outro tempo com outras manifestações?
Sei lá, mas tem algo na minha cabeça que não para de martelar. Seja
qual for a resposta, Deus é o mesmo e eu não sou Pedro. Fato: o
brilho da Glória do Altíssimo deveria ser o mesmo, com ou sem
sombra promovendo curas.

Parece que em nossos dias inventou-se uma intimidade com Deus de
um tipo transitório, efêmero, volátil. Num momento parece que a
pessoa tocou nas vestes do Senhor e uma hora depois está brigando
com a esposa. Não sou contra ficar doidão, chorar, rolar no chão,
pirar, viajar - chame como quiser, sou adepto desde que seja entre eu
e Deus, sem tropas de seguidores e sem "micos de auditório". Mas
isso tem que durar. Quando eu entro num estado tão profundo de
conexão e intimidade, geralmente sofro um apagão que nem lembro o
que fiz, e passo pelo menos alguns dias no mesmo mover. Não
consigo entender esse mesmo Pedro cuja sombra era instrumento de
cura, alguns minutos depois brigando com o frentista porque pingou
gasolina na lata do seu carro...

Se queremos empunhar a Bíblia como nosso escudo, alegando ser
ela nosso código de fé e prática, não podemos nos afastar do brilho
que provoca a sombra que provoca a cura. Ainda que ninguém seja
curado dessa forma, devemos ter anseio pelo brilho. Ainda que nada
de fantástico aconteça deveríamos continuar ansiosos pela Presença
Dele.

Vida renovada, novidade de vida é, acima de tudo, uma vida de
intimidade crescente com o Pai. Creio que o maior desserviço
prestado ao Corpo de Cristo na Terra ao longo dos séculos foi a
religiosidade, que no meu conceito consiste em colocar
procedimentos no lugar de princípios, modos no lugar de essências,
moldes em vez de resultados e, principalmente, conceitos no lugar
de intimidade. Levantemo-nos e busquemos ao Senhor.


"Senhor, não quero ser religioso, nem carnal, nem distante de Ti.
Tua Palavra diz para me aproximar de Ti e quero isso. Ajuda-me a
aprender Contigo como buscar Tua Intimidade."


Mário Fernandez

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